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18 de dezembro de 2006

Referência concreta a Jesus Cristo

Referência concreta a Jesus Cristo pode ter sido encontrada em Israel
A inscrição encontrada em aramaico: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus".

Uma inscrição em um ossuário que foi descoberto recentemente em Israel parece ser a mais antiga evidência arqueológica de Jesus Cristo, de acordo com um especialista que acredita que ele data de três décadas depois da crucificação. Ao escrever na Biblical Archaeology Review, Andre Lemaire, especialista em inscrições antigas na Practical School of Higher Studies da França, diz que é muito provável que o achado seja uma referência autêntica a Jesus de Nazaré.

O ossuário encontrado em Israel

A revista de arqueologia planejava anunciar a descoberta em uma coletiva de imprensa na segunda-feira. Que Jesus existiu não é uma dúvida para estudiosos, mas o que mundo sabe sobre ele vem quase que inteiramente do Novo Testamento. Nenhum artefato material do século primeiro relacionado a Jesus foi descoberto e verificado. Lemaire acredita que isso mudou, embora permaneçam dúvidas, tais como onde a peça com a inscrição esteve por mais de 19 séculos.

A inscrição, na língua aramaica, aparece em um ossuário vazio de pedra calcária. Lê-se: "Tiago, filho de José, irmão de Jesus". Lemaire diz que o objeto data de 63 d.C. Uma das línguas semíticas, o aramaico foi falado no Oriente Médio a partir do século sétimo a.C. e foi a principal língua do Império Persa do século quarto a.C. ao século sexto a.C.

As primeiras evidências diretas do aramaico datam do século 10 a.C. e ele existe como língua viva até hoje, sendo falado em dialetos modernos por minorias no Iraque, Turquia, Irã e Síria. Acredita-se que a maioria dos falantes está em comunidades de emigrantes da Armênia e da Geórgia.

Lemaire disse que o estilo de escrita, e o fato de os judeus usarem ossuários somente entre 20 a.C. e 70 d.C., colocam a inscrição na época de Jesus e Tiago. Os três nomes eram muito comuns, mas ele estima que somente 20 Tiagos existiram em Jerusalém durante a época.

Além disso, colocar o nome do irmão e o do pai no ossuário era "muito incomum", diz Lemaire. Há somente um outro exemplo de um ossuário em Aramaico encontrado até hoje. Desse modo, esse "Jesus" em particular deve ter sido uma pessoa importante - ou o próprio Jesus de Nazaré, como conclui Lemaire. No entanto, é impossível provar que o Jesus escrito no ossuário é, de fato, Jesus de Nazaré. A revista de arqueologia diz que dois cientistas da Pesquisa Geológica do governo israelense realizaram um detalhado exame microscópico da superfície e da inscrição. Eles informaram no mês passado que "não há evidências que possam tirar a autenticidade da peça". O dono do ossuário também pediu a Lemaire para proteger sua identidade, então a atual localização da caixa não foi revelada. Tiago é considerado o irmão de Jesus no Novo Testamento e líder da Igreja em Jerusalém no Livro dos Atos e nas cartas de Paulo. No século primeiro o historiador judeu Josephus escreveu que "o irmão de Jesus conhecido como Cristo, de nome Tiago", e foi apedrejado até a morte sendo considerado um herege em 62 d.C. Se seus ossos foram colocados em um ossuário, isso teria ocorrido no ano seguinte, com a inscrição datando de 32 d.C. O reverendo Joseph Fitzmyer, professor de teologia na Universidade Católica que estudou fotos da caixa, concorda com Lemaire na idéia de que o estilo de escrita "se encaixa perfeitamente" ao de outros exemplos do século primeiro e admite que a aparição desses três nomes famosos juntamente é "impressionante".

"Mas o problema é, você tem que me mostrar que este Jesus é o Jesus de Nazaré, e ninguém pode mostrar isso", diz Fitzmeyer. 

O dono do ossuário nunca percebeu sua potencial importância até que Lemaire o examinou no início do ano. Hershel Shanks, editor da Biblical Archaeology Review, viu a caixa no dia 25 de setembro.

Lemaire disse à Associated Press que o proprietário quer o anonimato para evitar longos contatos repórteres e religiosos. Ele também quer evitar o custo do seguro do artefato, e disse que não tem planos de expô-lo para o público.