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21 de abril de 2014

Você sofre da "Síndrome de Peter Pan"?

Publicado há cerca de três décadas, o livro "Síndrome de Peter Pan" mostrava um novo padrão de comportamento social para a época. Seu autor, dr. Dan Kiley, simplificou algumas ideias de Jung, usava o personagem de ficção como parâmetro de um grupo cada vez maior de adultos que não abriam mão de seus privilégios adolescentes.

Peter Pan, para quem não leu o livro nem se lembra da versão da Disney, é um menino que se recusa a crescer. Dotado de poderes mágicos e de uma fadinha de estimação, vivia com "garotos perdidos" na Terra do Nunca, um eterno playground.

A tal síndrome descrita pelo dr. Kiley não era exatamente uma doença, mas um desvio de comportamento de quem cresceu em ambiente de superproteção e que, confrontado com a dura realidade das escolhas cotidianas, preferia se refugiar em ambiente conhecido. Como a criança que ao fechar os olhos se julga invisível, esses adultos entravam em uma espécie de negação primitiva, criando uma bolha em torno de si.

Entre as características dos "Peter Pans" estariam relutância em assumir responsabilidades, cuidado excessivo com a aparência, envolvimento compulsivo em atividades lúdicas e baixa autoconfiança.

Morto há dez anos, Dr. Kiley não viveu o suficiente para ver a condição que definiu transformada em pandemia. Seria interessante ouvir sua opinião em meio a tantas teorias rasas propostas por analistas de tendências, publicitários e antropólogos de aluguel em geral.

Quaisquer que sejam as origens de tanta imaturidade --popular nas piadas machistas dos programas de "humor", no egoísmo de empresários e políticos, no narcisismo de atores e web-celebridades, na futilidade das redes sociais e na alienação geral de praticamente todo mundo--, um fator é inegável: a natureza das mídias digitais, se não causa, certamente estimula esse tipo de comportamento.

"Selfies", check-ins, "badges", Tinder, buscas pelo próprio nome e competições por "curtidas", amigos e seguidores não teriam nada de errado se fossem produtos de nicho, encarregados de manifestar uma fase de exceção marcada pela insegurança. Quando se transformam em regra é natural que demandem análise dos meios por que circulam.

Boa parte das tecnologias de consumo tem a cara de seus donos, a maioria homem, jovem e rico, se beneficiando de uma cultura que fetichiza a juventude. Há pouquíssimos apps para os menos favorecidos e, incrivelmente, para qualquer mulher que não esteja obcecada por sexo, compras, decoração ou moda.

Boas ideias, mesmo quando surgem, acabam rechaçadas por uma panelinha de investidores que considera mulheres (50% do planeta) e pobres (99%) mercados de nicho.

O resultado dessa triste miopia se reflete no estímulo a um comportamento machista, ingênuo e misógino da "cultura geek". Pessoas levemente deprimidas, insatisfeitas e misantropas, que fazem da tecnologia o tema central de suas vidas e buscam sempre a última novidade podem ser bons consumidores, mas não são seres humanos exemplares.

A tecnologia, que sob tantos aspectos é um dos setores mais avançados da sociedade, guarda em si uma infantilidade patológica. Enquanto não nos livrarmos dela, o futuro não será tão bonito como prometem romances adolescentes.

Luli Radfahrer

O homem de 2003

O Homem de 2003 acorda ao som do seu celular tocando o Nokia Tune. O homem de 2003 abre a sua agenda (ele ainda usa agenda) e descobre que tem uma reunião no centro da cidade dali a uma hora. "Uma hora é tempo de sobra para chegar no centro", ele pensa, "ainda dá pra tomar um cafezinho" --coitado.

O homem de 2003 sai de casa com R$ 5 na carteira: ele acha que a passagem custa R$ 1,50. Ao entrar no ônibus, percebe que além de custar R$ 3, agora tem uma televisão em que passam dicas astrológicas. O trânsito está parado e o homem de 2003 já leu 11 vezes o seu horóscopo. O homem de 2003 chega na reunião com uma hora e meia de atraso. As pessoas não parecem se incomodar --essa é a vida em 2014. Os colegas riem quando ele põe trema. Tadinho do homem de 2003. Ele é do tempo do trema!

O homem de 2003 vai à padaria e pede um cafezinho. O caixa de 2014 estende a máquina do cartão: débito ou crédito? O homem de 2003 não sabe o que responder. Não faziam essa pergunta em 2003. O homem de 2003 estende uma moeda de 50 centavos. O caixa explica: "Custa R$ 7". "O cafezinho?" "É Nespresso", ela responde. "É o quê?".

O homem de 2003 desiste. "Chegando em casa eu passo um café (o homem de 2003 ainda fala "passar um café")." O homem de 2003 liga para os amigos, mas eles não atendem. As pessoas não atendem mais o telefone em 2014. Ele joga no Yahoo perguntas: "Como falar com amigos em 2014?" e descobre que ele tem que baixar um Whatsapp. Mas não sabe como fazer isso no seu Nokia 1100.

O homem de 2003 vai ao pior bar da cidade. Quem sabe assim encontra seus melhores amigos. Felizmente, certas coisas não mudam: seus melhores amigos continuam frequentando o pior bar da cidade. A diferença é que cada um está mergulhado na tela do seu celular. Fazem carinho na tela, coçam a tela, tamborilam a tela. Quando falam, é para comentar o que está na tela: você viu isso aqui? Você leu isso aqui? Vou te mandar isso aqui. O homem de 2003 conta uma piada, mas é velha. Arrisca uma fofoca, mas é manjada. Quando fala de política, é um desastre. Ele diz que acredita no Lula. Ele diz que sonha em ver a Copa no Maracanã. Os homens de 2014 voltam para sua tela. Postam no Facebook: Amigo petralha #semcomentários.

Na volta, o ônibus lhe dá uma dica: "O homem de Áries precisa se adaptar à realidade ao seu redor". Ele decide: "Vou comprar um iPhone". Enquanto isso não acontece, pega o celular e se contenta com o jogo da cobrinha.

Gregorio Duvivier

17 de abril de 2014

Como a religião e suas crenças define o rumo de nações

Nesse texto o autor nos traz uma possível interpretação da causa de nosso povo ser o que é. Vale a pena ler.

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Existe destino e grande parte dele está nas mãos de Deus. Somente a família é confiável. Se o governo não faz a parte dele, então não há por que fazer a sua parte.

Essas frases expressam fatalismo, uma visão familista e falta de espírito público. Características que já foram identificadas por cientistas sociais como atributos marcantes nas sociedades mediterrâneas e ibéricas.

No caso do Brasil, apesar da mistura de raças, o país é, com certeza, uma invenção portuguesa. E, como tal, herdou o fatalismo religioso de origem católica, a noção de importância da família nas relações sociais e a idéia de que o espaço público não é de ninguém. Essas concepções também povoam nossas interpretações sobre a sociedade.

Há grande contraste com a matriz social anglo-saxã de origem protestante. A predestinação calvinista fez com que povos como o norte-americano agissem no mundo por meio do trabalho. Nos países anglo-saxões, o indivíduo tudo pode, principalmente quando em associação com outros indivíduos. Sua extrema mobilidade geográfica só é possível porque os laços familiares, quando comparados a outras relações de confiança, não são demasiado fortes. Nesses países, a palavra community tem um significado bem diferente da nossa “comunidade”, muitas vezes eufemismo para favela ou área de moradias populares. Community, para os anglo-saxões, é um espaço sobre o qual todos têm responsabilidade.

Tais noções, que podem ser atribuídas ao molde religioso – católico versus protestante –, podem também ser associadas ao esforço educacional. Nesse sentido, os anglo-saxões empreenderam uma das maiores mobilizações sócio-religiosas de que se tem notícia.

Segundo versões massificadas da teologia protestante, a ignorância é obra do demônio, é prima-irmã de Satanás. Em sociedades pouco escolarizadas, ao contrário, é onde se encontram mais freqüentemente fatalistas avessos à noção republicana de espaço público. É o que acontece no Brasil, onde essa é a visão dominante entre a população: simplesmente 1/3 dos adultos acredita que Deus decide o destino dos homens, sem espaço para a mão humana.

Esse contingente, somado aos 28% que acham que, apesar do destino estar nas mãos de Deus, o homem tem uma pequena capacidade de modificá-lo, resulta que 60% da população acreditam que grande parte do que acontece com os homens está fora de seu controle. No extremo oposto, apenas 14% da população adulta brasileira acreditam que não há nenhum desígnio além da capacidade humana de definir sua própria vida.

Fonte: ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro:
Record, 2007.

O Significado da Páscoa

A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas. 

Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida. 

A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e ovos pintados com cores brilhantes, representando a luz solar, dados como presentes. A origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, nada melhor do que coelhos, para simbolizar a fertilidade! 

Fonte: 
http://venus.rdc.puc-rio.br/kids/kidlink/kidcafe-esc/significado.html